Sobre mulheres, memórias e referências...

Noite passada fui bem cedo para a cama. Umas oito e meia da noite abracei dois livros e me deitei com eles, porém o cansaço mental tinha sido grande. Deixei a leitura de lado e adormeci. Talvez porque tenha me deitado mais cedo que o costume, talvez pelas angústias impostas por este momento de pandemia ou ainda pelas as irracionalidades humanas assistidas nos feed de notícias dos últimos dias, por volta da meia-noite eu acordei. Desperta. Sem vestígios de sono.
Acordei com uma música tamborilando em minha cabeça 

Olha o que foi meu bom José

Se apaixonar pela donzela
Entre todas a mais bela
De toda a sua galileia

Casar com Deborah ou com Sarah
Meu bom José você podia
E nada disso acontecia
E você foi amar Maria...

Esta música me levou instantaneamente para adolescência na Vila Sinhá, em São José dos Campos. Deitada, encolhida pelo frio, me agarrei em minhas memórias. De repente minhas lembranças foram visitadas por Maria, Ambrosina, Enedina, Patrícia, Silvana e Lídia. Quando eu era adolescente elas já adentravam na juventude, embora, que fique claro, não haja tanta diferença entre nós. Eu era menina e admirava cada uma. Todas  lindas aos meus olhos! Diferentes cores, diferentes formas, estaturas, peles, olhos e cabelos. Todas diversas! Sem saber, me ensinaram o quão as belezas são plurais e singulares ao mesmo tempo. Foi com elas que aprendi que a fé é um ato político, pois  sem obras ela é morta. Que o sagrado é um lugar dentro da gente. Que empatia é mais que uma palavra. Com elas  aprendi sobre movimentos sociais e a importância de fazer a diferença no mundo. Eu as observava, cheias de energia e vitalidade, cheias de esperança e juventude, cheias de criatividade e força e desejava ser como elas.

De olhos fechados chorei, lembrando a catequese, o grupo de jovens, as rodinhas e o violão. Memórias que me acolheram e me fizeram perceber quantas referências femininas importantes eu tive!

Maria, Ambrosina, Enedina, Patrícia, Silvana e Lídia, hoje senti saudades de vocês. Dos risos, das vozes. Eu honro e agradeço as marcas que me deixaram e espero que essas palavras cheguem até vocês como um abraço fraterno, quente e acolhedor. Só o que posso dizer é...gratidão, que bom que meu caminho cruzou o de vocês em algum momento desta vida. Quem sabe a gente ainda se encontre por aí mas tenham certeza, vocês caminham comigo!