mude sua mente, mude o mundo

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Hoje é domingo, dia nublado com um convite preguiçoso para permanecer na cama. Levantei porque a fome falou mais alto que o quentinho do edredom. Preparei o café e sentei pra ver TV. Parei em um documentário do canal Philos, sem nome ou sinopse. Fiquei por aqui e de repente fez sol dentro e fora de mim.
O documentário falava sobre altruísmo e assisti do ponto que mostrava uma pesquisa realizada na Alemanha, onde um grupo de pesquisadores investigou a partir de que idade as crianças demonstram altruísmo. A pesquisa foi realizada com mais de 100 crianças: individualmente uma criança de 18 meses era colocada em uma sala onde estava o pesquisador, em algumas cenas ele está pendurando um desenho em um varal e derruba um pregador, imediatamente a criança levanta-se pega o pregador e entrega ao homem. Em outras alguém está sentado atrás de uma mesa e derruba uma caneta, tenta alcançá-la mas não consegue, da mesma forma, a criança vai até a caneta, pega e entrega à pessoa.
Depois o grupo de crianças foi dividido em dois: um recebia uma recompensa ao ajudar e o outro grupo não. No grupo que recebia a recompensa o número de ajuda diminuiu e no outro permaneceu igual, o que fez os pesquisadores concluírem que o altruísmo é inato e a educação que oferecemos às crianças muda sua relação com o mundo. Recompensar alguém porque fez algo bom, seria como dizer que quem ajuda ou respeita o outro  deve ter algo em troca, enquanto que altruísmo é simplesmente reconhecer que o outro merece ajuda e respeito independentemente de você ter um prêmio.
Depois a pesquisa foi realizada com bebês de 6 meses: dois pratinhos de biscoitos eram oferecidos ao bebê, que escolhia um e comia. Dois fantoches apareciam em frente aos pratinhos e cada um escolhia um biscoito. Uma estagiária que não sabia da escolha dos bebês e dos fantoches, entrava com os bonecos e os oferecia às crianças, 8 entre 10 escolhiam o boneco que tinha escolhido o mesmo biscoito.
Uma pesquisa foi realizada com adultos: duas pessoas de times rivais eram colocadas em uma sala, um deles levava um pequeno choque e a reação do outro, na maioria das vezes, era a de prazer ou sarcasmo.Os pesquisadores concluíram que desde criança nos aproximamos daqueles com os quais nos identificamos, a questão é que depois de adultos, classificamos o mundo entre os que estão conosco e os que estão contra nós. Essa polarização é um grande desafio para o adulto pois, mudar   depois que crescemos é muito mais difícil do que quando somos crianças.
O documentário apresentou ainda três grandes cientistas do mundo contemporâneo que tem pesquisado o altruísmo: Matthieu Ricard, Tânia Singer e Richard Davidson. Eles falam da plasticidade do cérebro, da criação de neurônios diariamente e de como a meditação pode contribuir com a mudança de pensamentos e atitudes. Apontaram ainda que repetir "Eu sou assim e não mudo" é contraditório, pois ninguém parte de um lugar e chega ao mesmo lugar e que as culturas não mudam de um dia para o outro, por isso, é preciso construir a mudança. Os três estiveram em um Fórum Internacional de Economia em Davos e falaram sobre a importância da meditação e da mudança de pensamento para a sobrevivência do mundo e para a construção de uma economia solidária.
O documentário mostrou também a experiência de três rapazes em Baltimore, nos Estados Unidos. Dois deles cresceram em um bairro com alto índice de violência, um grande número de pessoas encarceradas e intenso tráfico e consumo de drogas. Toda a violência do bairro era refletida na escola, pois os alunos conviviam diariamente com situações que a maioria das crianças na idade deles sequer conheciam. Os rapazes foram para a Universidade e voltaram a morar no lugar da infância. Criaram a Holistic Life Foundation que trabalha com princípios da yoga e da meditação,  ofereceram à gestão escolar a experiência de meditação com alunos e professores. São 15 minutos diários, no início e no final das aulas, e lá se vão cinco anos de trabalho, com diminuição visível da violência escolar, segundo a Diretora, e um espaço aberto para o diálogo e para a empatia . Além disso, dez escolas de Baltimore  aderiram ao programa iniciando uma rede de cuidado e respeito.
Quando desliguei a TV pensei em meu trabalho, em mim, no mundo à minha volta. Há um longo caminho a percorrer na mudança de atitudes, no trabalho coletivo, no exercício da empatia. A escola é um espaço muito importante na transformação. Pensei na Prof.ª Regina Machado que sempre nos faz perguntar "e se fosse possível?" Estou por aqui me perguntando: E se fosse possível, juntos, implantar a meditação nos nossos espaços escolares?

"Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos
fragmentos de futuro em que a alegria é servida como
sacramento, para que as crianças aprendam que o
mundo pode ser diferente. Que a escola,
ela mesma, seja um fragmento do
futuro..." Rubem Alves


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